sábado, 3 de setembro de 2011

Estrela

Encantei um pedaço do céu,
Uma estrela acenou entre o véu.
Achegou-se a mim de esguelha,
E pediu-me ao ouvido: aconselha. 

E o caráter gritou-me no ato. 
Fez jurar: amizade e tato.
Quase um ano, no entanto, passou-se.
Sofrimento a estrela me trouxe.

À medida que eu a ajudava,
Mais veneno o amante aplicava.
Quis partir à procura dos mares,
Esbarrei em seus olhos. Que pares!

Ao ficar, desejei esta estrela.
Não podia estar, mas sem tê-la.
Duas semanas passou em meus braços.
Mas veneno criara seus laços.

Doce estrela partiu pra distante.
Ao encontro, de novo, do amante.
Eu, que outrora fui seu confidente,
Já não mais me fazia presente.

Contemplei novamente a noite,
Fiz, porém, do meu ego um açoite.
Me perdoa, oh anjo pequeno!
Por lhe dar não amor, mas veneno.

Essa história de um fim longe está,
Mas feliz, você eu sei que será.
É por isso que não me preocupo,
Entretanto ainda me culpo.

Não é hoje, porém, que a memória,
Me fará escrever esta história.
Pois que em junho da origem fui vê-la,
Fez arder minha chama, a estrela.

E entre brigas e choros silentes,
Pobre estrela não estava contente. 
Pois o amante aproveitador,
Dera a ela um frasco de dor.


Outro ano e donzelas passaram,
Em minha vida, porém, não ficaram.
Já o amante foi pego no ato.
E a estrela curou-se de fato.

Já é tarde? Quis ela saber.
E os meus olhos deixaram-na ver.
A verdade estampada e brilhante,
Sentimento em meu peito arfante.

O que queres de mim, oh estrela?!
Pois feliz, sei que posso fazê-la.
Só me resta fazer a oração.
E entregar a ti meu coração.


S@muel B@hi@ Ar@újo

domingo, 31 de julho de 2011

O amor

Sabem os loucos de sua grandeza. Intrigante é, o dizem.
Porém não concebível o é quando se quer, e sim quando menos se espera.
Ninguém o explicou, nem o fará, pois não dignos de designá-lo o somos.
Como algo intangível pode nos transformar? A pior das feras ou a mais dócil e amável criatura?!
A bondade divina faz com que o amor cegue a nós, pobres humanos; indefesos diante das tentações apresentadas a nós como banquetes reais.
Para decifrá-lo, é preciso estar louco, soando assim como mero devaneio aos ouvidos alheios.
Por conseguinte, resta-nos conquistá-lo, porquanto é inerente à nossa plena saúde e até sobrevivência, mas principalmente à nossa felicidade.
Convém, todavia, cuidemo-nos, pois, na frágil situação em que nos encontramos, somos capazes, deploravelmente, de exterminá-lo em nós; ou, ao menos, fazer-nos acreditar.
Utopia, por querê-lo tanto e não poder encontrá-lo. Simplesmente por caminhar na direção correta, todavia em sentido contrário.
Cegamo-nos para senti-lo, quando deveríamos buscá-lo naturalmente nas mínimas e cotidianas situações que se nos apresentam humildemente, à espera, apenas, de que nosso livre arbítrio as perceba.

sábado, 14 de maio de 2011

Depoimento de um Suicida

Espero o tempo passar, vejo a morte chegar.
Meus pensamentos borbulhando, chegando ao topo de minha sabedoria.
...
Vejo apenas luzes, n'uma completa escuridão.
E quando dou por mim, estou aos prantos.
Tentando encontrar um sentido para a vida.
Apenas um motivo para continuar de pé.
...
Não vejo ninguém, o telefone não toca.
Não consigo mais pensar em nada.
...
Um gemido surdo, único.. um baque no chão de madeira.
Vermelho a escorrer pelo meu peito.
Melado, já gelado.. não tem mais volta.
Mas a dor apenas começara.
...
Me vejo de camarote, estendido no chão.
Vultos se aproximam de minh'alma.
O medo toma conta de mim, penetrando minhas entranhas.
A lucidez some de vista a passos largos.
...
A porta se abre.
Um grito de dor, desesperado.
Minha mãe se estende sobre meu corpo inerte.
Dizendo NÃO!! O que fizeste meu filho? NÃO! NÃO!!
...
Não posso ver aquilo.
Uma escuridão maciça toma conta de tudo.
Agora só berros.. de desespero, sofrimento.
Encontro-me no Vale dos Suicidas, uma prisão à qual condenei a mim mesmo.
...
Após doze anos em meu próprio inferno, pude compreender o verdadeiro sentido da vida.
Não se pode fugir de si mesmo.
Pensem duas vezes.
Sejam felizes.

S@muel B@hi@ Ar@újo

sábado, 30 de abril de 2011

Aonde eu for

Aonde eu for, quero ser visto como se só estivesse.
Aonde eu for, quero ser eu mesmo, independente de quem estiver por perto.
Aonde eu for, quero ser lembrado por aquilo que conquistei, com muito esforço.
Aonde eu for, quero ser lembrado pelos erros que cometi, buscando ser, sempre, aquilo que eu gostaria de ser.

Buscando ser sempre aquilo que eu gostaria de ser? Será que isso é falsidade?
Penso que não! Vejo-me em constante transição, por isso não.
Fazemos sempre planos para o futuro, redefinimos metas ao findar de cada ano.
Não é por querermos nos modificar que somos falsos. Assim seria se fingíssemos a nós mesmos sermos perfeitos.
Fugiríamos à responsabilidade de ter de evoluir. Ou acreditaríamos que assim pudéssemos agir. Ou talvez fosse não agir.

Aonde eu for, quero aprender algo novo, conhecer novos ideais personificados.
Aprender o quanto preciso ser eu mesmo para não causar distorções nas imagens produzidas em mentes diversas. Isso não apenas em relação à vaidade, mas principalmente quanto à influência que exercemos naqueles que estão à nossa volta.

Aonde eu for, quero ser o Eu Lírico, que grita no meu peito, exalando o sentimento de liberdade; querendo e, se assim permitir, sendo a própria humildade, ao sincero demonstrar da razão.

S@muel B@hi@ Ar@újo