sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A própria sorte

A fertilidade vaga solta e à espreita
Carrega consigo o porvir dos desejos
Inclinada a decair sobre os conceitos
De mentes vãs e vis e justiceiras

Leva, em bagagem, soberana indiferença,
Pois que julgueis e fazeis, ainda assim
Hipócritas que sois, de carteirinha
Com toda pompa que se apresenta uma rainha

Escondeis de vós as máscaras que pondes
A limitar as visões que, de vós mesmos, tendes
A espiar, por um espelho, as próprias almas
Que apodrecem a cada ensejo e julgamento

Por que chorais ao mundo, descontentes
E inquiris de Deus, o poderoso
Se é de vós que tendes de arrancar
Todo o perjúrio que ainda teimais em desferir

Quanta injustiça perante vós, os justiceiros
Que renunciais em favor do mundo inteiro
A felicidade que não conseguis por mérito
Ou os infortúnios de tantos sofrimentos

Que lograis de tal infâmia em que viveis,
A jurar em falso o amor próprio, a quem vos vê?
Aceiteis o próximo como é e, então, proveis
Um mundo injusto, para aquele que não crê

Que a própria sorte é feita e não prevê
Imunidade àquele que entender
Que causas justas é que o farão viver
De integridade e honra, de verdade


S@muel B@hi@ Ar@újo - 31/01/2014

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Apenas um sonho

Olho pro céu, contemplando a noite.
A esperança de que as últimas horas fossem apenas sonho se esvai, vagarosamente.
As lembranças me atormentam e me embaralham os sentidos.
Tudo corria bem. Nada era capaz de atrapalhar; nem incêndio, nem tempestade.

Palavras de extremo são descuidadas, eu deveria prever.
Assim sendo, o silêncio fez, em pó, as estruturas blindadas.
Empolguei-me, tenho de admitir.
Como não? Penso, contudo.
A vida é assim. Prossigamos, pois; como diria um velho amigo.

Tímida luz cumprimenta-me, ao longe.
Baixo os olhos e me escondo num canto.
O breu não fora uma escolha sábia.
Ali permaneço, todavia.

O pensar me desvia de meus medos. Leva-me ao mundo real que, em sonho, sou privilegiado a sentir, no ínterim de minha presente existência.
A reflexão conforta-me a alma e possibilita-me enxergar os verdadeiros motivos.
- “Seja forte, meu filho, seja forte!”

Acordo de meus devaneios e tal fala pulsa em meu consciente.
As cenas vistas se foram, como costura desfeita por fio solto.
Sensações impregnaram-me, porém, e a fala do velho ainda lateja em minha mente.
Devia, eu, reconsiderar os planos.

Pego de assalto, desperto em minha cama.
Suando frio, abro os olhos, ofegante.
Não vira o passado, decerto. A imaginação alertara-me por gracejo e o porvir me espera paciente.
Tudo tem o seu tempo. Precipitações são dispensáveis.
Cabe, contudo, considerar, que a espera não se faz eterna, tampouco passiva.

S@muel B@hi@ Ar@újo – 29/01/2014

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Indecisão

Espere...
Só mais um pouco...
Não precisa dizer nada agora...
Está bom assim... aguente mais um tempo... só mais um...
Nãão!!! Agora não!!
Eu ainda não me decidi!
Por que eu? Por que comigo?
O que eu fiz?!...
E agora??
Lágrimas a escorrer, pensamentos a borbulhar, filmes a passar, opções que fazem remoer a indecisão...
O que virá?
Estava em minhas mãos. Por que não fiz alguma coisa?
Era a chance de minha vida!
Bastava inquirir-me e eu saberia...
Mas estava bom.
Eu não queria mudar naquele momento.
Pra quê? Estava tão cômodo.
...
Passou...

S@muel B@hi@ Ar@újo – 28/01/2014

Percepção

Não há como esconder
O que sou, de você
Pois que lê-me, de fato
Já de pronto, no ato

Isso é muito bom
Não limito o dizer
Tem, é certo, um dom
Saiba o que irá fazer

Tudo é ferramenta
Mas você que incrementa
A jogada a seguir,
De sua ação, vai sair

Saiba, sempre, porém,
Assumir o seu ato
Deve fazer o bem
E, ao falar, tenha tato

O que se aproximar,
Pra ouvir ou falar,
De sua rima precisa;
Coerente e concisa

Tenha fé e, não, medo
Muitos, vai ajudar
Sim, merece sossego
Ninguém vai lhe encostar

Com esforço, se aprende
Contudo, isso, depende
Da vontade de amar
De verdade, ajudar

Mais que vê, há no mundo
Rodeando e seguindo
E o viver mais profundo
É o que está sentindo

S@muel B@hi@ Ar@újo – 27/01/2014

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Sentimento domado

Um felino de porte
Um cara de sorte
Outras vidas
Tantas lidas

União por dita
Desejável e bendita
Força criadora
Junção benfeitora

Camponesa de labuta
Guerreiro de luta
Zelo à terra
Tempo de guerra

Memórias presentes
Lembranças decentes
Tempo pretérito
Conquista de mérito

Plantação e colheita
Longa empreita
Coração lapidado
Por um felino, domado

S@muel B@hi@ Ar@újo – 26/01/2014

Reencontro

Distantes há algumas décadas,
No momento certo, certamente;
Vimo-nos, de repente, frente à frente.

Duas partes; escolha única.
À mais sutil impressão, estivemos atentos
Ao rumo do tempo e dos ventos.

Memórias vividas há muito
E, não poucas vezes, distanciadas.
Todavia, por dita, cruzadas.

Já avisto o verde dos campos.
Das estradas romanas, além.
A hora é chegada, meu bem.

S@muel B@hi@ Ar@újo – 25/01/2014

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A busca

Nascemos para buscar.
Buscar o novo e a nós mesmos.
Decisões; escolha por um lado.

Busca por conhecimento e crescimento.
Encarar a si mesmo e ao próprio passado.
Desenterrar traumas e enfrentá-los.

Reminiscências tolas ou dignas de apreciação e registro.
Descobrir nossa real capacidade.
Acordar lentamente de um sono profundo, sabendo, no fundo, que vivemos um sonho.

S@muel B@hi@ Ar@újo – 24/01/2014

Alma velha em carne nova

O que são essas lembranças que me cercam, que me seguem?
Como recordar o que não vivi?
Cisne negro...
Não pertenço a este lugar; já pensava desde pequena.
Sou de alma velha, em carne nova.
O que é isso?
Sou louca?

Tudo passa!
O tempo, principalmente; este não falha.
Aprendi a amar e, este lugar, aceitar.
Hoje, sim, sinto-me ambientada.
Hoje eu não quero é sair daqui.

Os meus versos me ajudam em minha busca interior.
Ah, se não fossem os meus versos!
Não sei o que seria de mim...

Em tempo real, o sol está quase a pino.
Eu e minha juventude, finalmente, estamos a prumo e no rumo certo.
Sei disso.
Sou meio vidente, na verdade.

Conheci um guri a uns dias atrás.
Garoto diferente.
Não sei dizer exatamente o que sinto em relação a ele, mas sei que temos algo a viver.
Sinto que já o conhecia de longa data.
Veja só! Como pode?

Eu me embolo e ele me desembola numa desenvoltura de arrepiar.
Tornamo-nos, quase que de pronto, desembolistas, um do outro.
A vida é engraçada.
Cada coisa que não explicamos...

Sou questionadora, por natureza, e naturalmente não aceito tão facilmente os mistérios
que a mim se apresentam.
Mas não tenho todas as respostas e estou distante de adquiri-las por completo.
A verdade é que o número de perguntas ainda cresce.

Diante dos fatos peço licença, porquanto versos batem à porta e me invadem pela janela
aberta.
Já estou tomada por eles.
São um reflexo de minha confusão mental.
Preciso externá-los, para me conhecer melhor.
Sou toda poesia, rimada e sentida, narrada e vivida.
Os meus versos, a minha vida.

S@muel B@hi@ Ar@újo - 23/01/2014

Repentistas

Gracista ou repentista
O teu simples ser me conquista
Com ou sem rima, minha musa, flor-menina
És a minha sina

MMA's verbais e batalhas medievais
Travamos versos reais
Nossos destinos se traçaram
Nossos corações se entrelaçaram
Nossos versos se embaraçaram

De contentos e encantamentos
Preenchemos nossos momentos
Temos pinta de artista
De talento romantista
Um do outro, desembolista


S@muel B@hi@ Ar@újo - 22/01/2014

Pétalas

As pétalas caem ao vento, com o tempo.
Presas às suas limitações de estática.
Sem chance ou livre arbítrio,
Deixam-se voar, ao relento.

Entregam-se, convictas, ao destino.
Cumprem-no com categoria e aceitação.
Se bem ou mal tratadas, não se importam.
O que as faz crescer não é o mimo.

Os espinhos forçam distrações.
Ferem os teimosos e os cegam.
A raiva os consome e os ensina.
Cada qual tem o seu tempo e o meio para cada situação.

Observar a natureza é indispensável.
Ensinamentos sublimes e subliminares.
Exemplos, tantos, à espera de nossa percepção.
No devido tempo, toda beleza natural torna-se perscrutável.

Cada qual faz o seu caminho.
Consoante o que lhe bate à porta.
Peças, tantas, à nossa disposição.
Nem sempre, contudo, o seu domínio.

Menos falando e mais ouvindo.
Aprendendo mais e mais.
Sem esforço, sem conquista.
Vamos, portanto, seguindo.

S@muel B@hi@ Ar@újo – 22/01/2014

Felicidade

Completude indefinida
Por poucos percebida
Felicidade é sentida
Paixão pela vida

Escolha sagaz
Tranquilidade e paz
Com pouco se faz
E muito se compraz

Tenta-se entendê-la
Muitos querem tê-la
Tantos, apenas vê-la
Raros ousam sê-la


S@muel B@hi@ Ar@újo – 21/01/2014

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Amigo

Amigo não se compra
Não se cria
Afinidade vem da alma
Do dia-a-dia

Amigo é família que se preza
Que se colhe
O plantar pra ficar perto
Convivência que se escolhe

Amigo é o ombro em lenço
Acoplado à sangria
Que recolhe as tristezas
E repõe em alegria

Amigo é martelo de batalha
Para toda lida
Escudo ante bravatas
Companhia para a vida

S@muel B@hi@ Ar@újo – 20/01/2014

Guardaste

Guardaste o teu medo de menina.
Nova página escreve, agora.
Com esforço, a vida ensina.
A madureza, assim, vigora.

Guardaste, pra ti, o teu sangrar.
Ofensas tantas, ainda virão.
Não é preciso sofrer, para amar.
O que a vida nos pede é compreensão.

Guardaste, também, o teu amor,
Para quando o teu muso chegasse.
Em forma de menina, bordada de flor,
Meu coração, tu conquistaste.

S@muel B@hi@ Ar@újo – 19/01/2014

Sou teu passarinho

Sou teu pássaro, a cantar alegremente.
Num voo livre que, Deus, sinceramente;
Me sinto inteiro, a refrescar a minha mente,
Sendo passado, que, enfim, se faz presente.

Contente, ponho-me a cantar, em primazia,
Já que outrora e hoje, a companhia,
Dá-me o sentido de viver o dia-a-dia
E enfrentar toda batalha que anuncia.

S@muel B@hi@ Ar@újo – 17/01/2014

Os versos da vida

A vida é poesia,
Em atos, versada.
Há muito, sabia.
A morte é chegada.

Retorno ao lar,
De onde saímos.
Devemos amar.
Assim construímos.

Um passo adiante,
Devemos crescer.
É este, o instante.
Sem tempo a perder.

Pra quê encarnamos,
Pergunta-se há muito.
Pra que aprendamos.
É este, o intuito.

S@muel B@hi@ Ar@újo – 17/01/2014